De Sonhos a Sozinho, Peninha transformou sentimentos em clássicos eternos

A obra do paulista habita a memória afetiva da música brasileira

Aroldo Alves Sobrinho, mais conhecido como Peninha, é ao mesmo tempo um dos compositores mais influentes da música popular brasileira e um dos mais subvalorizados. Desde o início da carreira, em 1972, ele mostrou talento para criar melodias envolventes e letras que falam diretamente ao coração, conquistando ouvintes de diferentes gerações.

O primeiro grande sucesso de Peninha, “Sonhos”, lançado em 1977, revelou não apenas seu talento, mas também a essência poética e melódica que marcaria toda a sua obra. Com arranjos cuidadosos do pianista Hugo Bellardi, o compositor conseguiu traduzir emoções universais — desilusões amorosas, sonhos e sentimentos cotidianos — em uma linguagem acessível e atemporal. A canção, que integrou a novela “Sem lenço, sem documento”, tornou-se um marco do pop romântico brasileiro, sendo regravada por artistas como Caetano Veloso, Elymar Santos, Marisa Monte, Roberta Miranda, Paula Toller e Daniel.

Outra composição de grande impacto foi “Sozinho”, surgida a partir de uma conversa telefônica de sua filha adolescente, Clariana, com o namorado. Inspirado pela situação, Peninha criou uma música sobre amor e cuidado, que inicialmente acreditava ser voltada ao público jovem.

Em 1996, Sandra Sá a gravou como “Sozinha”, alcançando grande repercussão e transformando a vida do compositor. No ano seguinte, Tim Maia registrou a faixa com sucesso, mas o auge veio em 1999, quando Caetano Veloso incluiu a canção em seu álbum Prenda Minha, vendendo mais de um milhão de discos — um marco na carreira do artista. A versão também integrou a trilha da novela “Suave Veneno”, ampliando ainda mais seu alcance.

Ao longo de sua carreira, Peninha se destacou pela capacidade de criar músicas que atravessam gerações, estilos e interpretações. Composições como Sonhos e Sozinho não apenas conquistaram as rádios e o público, mas se tornaram verdadeiros patrimônios da música brasileira, capazes de emocionar, inspirar e dialogar com novas gerações. A obra do compositor paulista reafirma que talento, sensibilidade e autenticidade são eternos.