“Sina”: a canção luminosa que uniu Djavan e Caetano Veloso

Nascida de um pedido de Caetano, a obra-prima de Djavan virou hino popular e atravessa gerações com poesia e leveza

Entre as grandes composições da música brasileira, poucas têm o brilho e a longevidade de “Sina”, de Djavan. Lançada no álbum Luz (1982), a canção nasceu de um pedido especial de Caetano Veloso e acabou se tornando um dos marcos da carreira do artista alagoano, projetando-o nacional e internacionalmente.

Ele falou mais sobre o processo da canção no especial Por Trás da Canção, a série documental com 3 temporadas de sucesso de público e crítica exibida nos canais Multishow e Bis, agora no canal Musicalidade. São mais de 39 programas com produção e direção de Gabriel Mellin, que contam a história dos bastidores de como foram feitos os maiores sucessos da música brasileira.

“A música ‘Sina’ foi feita especialmente pro Caetano. A ligação com ele vem de 1975, na época do festival, quando nos conhecemos. Um dia ele me disse: ‘faz uma música pra mim, que tivesse imagens luminosas, diferentes’”, conta Djavan

Do pedido nasceu a inspiração que resultou em versos simbólicos como “pai, mãe, ouro de mina, coração, desejo, sina”. Caetano foi o primeiro a gravar a canção, em Cores, Nomes (1982), antes mesmo de Djavan lançá-la. Djavan incluiu sua versão de Sina no disco Luz, gravado nos Estados Unidos, em um processo que contou com a participação de Stevie Wonder. O álbum foi o responsável por levá-lo ao grande público:

“Com o disco Luz eu ganhei vários prêmios. Ele teve a função de me colocar pro grande público de uma maneira irreversível”, relembra o artista.

A faixa rapidamente se destacou e, segundo Djavan, se tornou indispensável em seus shows: “Ela quase sempre fecha o show ou é a última do bis, porque as pessoas esperam por ela”.

Com suas metáforas singulares, a música exemplifica o estilo inconfundível de Djavan:

“Tem gente que implica às vezes com certas metáforas, mas as metáforas são a salvação da lavoura”.

Críticos e colegas apontam a habilidade do compositor em criar imagens ricas e musicais. Como sintetiza Caetano:

“Eu acho magnífico aquele modo solto de Djavan de juntar palavras e frases que, quando unidas à música, revelam uma força semântica muito grande”.

Ao longo do tempo, Sina ganhou novas versões de artistas como Sandy, Manhattan Transfer (em inglês, como Soul Food to Go), além de remixes modernos. Para Djavan, no entanto, a essência da canção segue intacta:

“Ela é uma música inesquecível para mim. Não sinto envelhecer de jeito nenhum. Canta Sina e todo mundo explode, levanta. É uma música do bem”.