Myke Towers e a difícil missão da música estrangeira no rádio brasileiro

Parceria com Ludmilla em “Freaky” rompe barreira histórica em meio ao domínio das canções nacionais

Myke Towers já dominou as paradas globais do streaming, coleciona colaborações com gigantes da música latina e soma mais de 40 milhões de ouvintes mensais no Spotify. Mas só agora, em 2025, o porto-riquenho conseguiu dar um passo que parece simples, mas ainda é raro: tocar nas rádios brasileiras. Sua faixa Freaky, em parceria com Ludmilla, estreou nas programações de São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco, mostrando como o rádio continua sendo uma barreira de entrada para artistas internacionais.

Apesar de o Brasil ser hoje um dos maiores mercados de streaming do mundo — com mais de 80% da receita da música gravada vindo do digital — o rádio segue muito influente. Pesquisas mostram que 83% dos brasileiros ainda escutam rádio com frequência e, para 76% deles, a música é o principal motivo de sintonizar. Nesse cenário, artistas nacionais são soberanos: segundo dados do Ecad, quatro das cinco regiões do país tiveram músicas brasileiras como campeãs de execução nas rádios entre 2010 e 2019.

Isso também se reflete no consumo geral. Um estudo da Luminate revelou que 74% das músicas ouvidas no Brasil vêm de artistas nacionais, um dos índices mais altos da América Latina. Ou seja, quando uma canção estrangeira chega às rádios, ela rompe uma barreira simbólica importante. No caso de Myke Towers, a parceria com Ludmilla foi essencial para abrir espaço no dial, tornando a faixa mais próxima do gosto e da programação local.

A estreia de Freaky no rádio brasileiro reforça o poder de conexão da música latina, mas também mostra que a mídia tradicional ainda impõe filtros que o streaming já não aplica. Enquanto nas plataformas digitais artistas estrangeiros encontram público com facilidade, nas rádios a predominância nacional é tão grande que qualquer exceção se torna um feito.