A ciência explica por que gostamos de música

Entre evolução, memória e prazer estético, pesquisadores investigam a função do som na vida humana

Segundo a revista Superinteressante, não existe sociedade humana sem música. Antropólogos registraram que, em todas as culturas conhecidas, as canções fazem parte da vida coletiva. Para alguns pesquisadores, isso tem origem na evolução: o ritmo ajudava grupos a se moverem em sincronia, a identificar perigos e até a acalmar bebês, aumentando as chances de sobrevivência. Ou seja, a música pode ter surgido como uma ferramenta prática, antes de se tornar arte.

Outro ponto é a memória. Ritmos, métricas e rimas facilitam a fixação de histórias e informações. É por isso que epopéias como a Ilíada, na Grécia Antiga, eram cantadas, ou que letras de músicas populares permanecem na lembrança por décadas. A regularidade do som organiza a mente, trazendo prazer ao cérebro quando reconhece padrões.

A própria matemática das notas também contribui. Certos intervalos, baseados em frações simples entre frequências, soam naturalmente agradáveis, enquanto combinações mais complexas geram tensão ou dissonância. Essa relação entre física e percepção explica por que sentimos conforto em harmonias e inquietação em sons “quebrados”.

Mas há ainda quem veja a música como um “cheesecake cultural”: algo que não tem função de sobrevivência direta, mas que explora vulnerabilidades do nosso cérebro para gerar prazer. Assim como sobremesas foram criadas para além da necessidade de saciar a fome, a música se tornou uma forma de provocar emoção, criar memória coletiva e transformar sons em experiência estética.