A Musicalidade de Chico Buarque

Cinco canções que revelam o lirismo, a crítica social e os personagens inesquecíveis de sua obra

Chico Buarque é um dos maiores compositores da música brasileira, mestre em transformar poesia em melodia e em criar narrativas que atravessam gerações. Com sua obra, ele equilibra crítica social, delicadeza e humor, construindo um legado que é, ao mesmo tempo, arte e documento histórico. A seguir, cinco canções que revelam a força e a diversidade de sua criação.

Construção
Lançada no álbum Construção (1971), essa canção é uma das mais engenhosas da MPB, tanto pelo arranjo orquestral quanto pela estrutura lírica. A versão original de Chico Buarque continua sendo a mais emblemática, com versos que se reorganizam e rimam em proparoxítonas, narrando a vida e a morte de um operário de forma inovadora. É um marco de sofisticação poética e crítica social.

Futuros Amantes
Gravada por Chico Buarque no álbum Paratodos (1993), essa música é uma declaração de esperança que transcende o tempo. Com um texto que projeta uma história de amor para um futuro distante, ela se destaca pela sutileza, pelo otimismo poético e pela melodia suave que envolve a reflexão sobre permanência e esquecimento.

O Que Será (À Flor da Terra)
Composta por Chico Buarque e eternizada na voz de Milton Nascimento. Seu diferencial está no mistério e na intensidade, com versos crípticos com mensagens ocultas de puro lirismo.

Retrato em Preto e Branco
Feita em parceria com Tom Jobim, essa música foi gravada por Elis Regina no álbum Elis & Tom (1974) e tornou-se uma das mais belas canções sobre o fim do amor. A delicadeza harmônica de Jobim e a profundidade poética de Chico se unem em uma obra-prima que equilibra melancolia e beleza. O diferencial está no diálogo perfeito entre letra e melodia.

Geni e o Zepelim
Parte da trilha da peça Ópera do Malandro (1978), essa canção é uma crítica mordaz à hipocrisia social. Gravada pelo próprio Chico, narra a história da marginalizada Geni, que salva uma cidade do desastre e, ainda assim, é rejeitada. Com ironia e compaixão, tornou-se um dos retratos mais contundentes da crueldade coletiva.