A musicalidade de Gilberto Gil

Cinco canções que traduzem a genialidade e a versatilidade do artista baiano

Gilberto Gil é um dos grandes arquitetos da música brasileira, um artista que uniu tradição e vanguarda para criar um som universal. Ícone da Tropicália, mestre na mistura de ritmos e letrista de lirismo único, ele construiu uma obra que vai do samba ao reggae, do baião ao rock, sempre com consciência política e estética inovadora. A seguir, cinco composições que marcaram sua trajetória.

Domingo no Parque
Apresentada por Gil no Festival da Record em 1967 e incluída no álbum Gilberto Gil (1968), essa canção é considerada um dos marcos inaugurais da Tropicália. Com arranjo ousado e narrativa dramática, unindo samba, baião e guitarras elétricas, trouxe a modernidade para a música popular brasileira e chocou a crítica da época.

Ladeira da Preguiça
Imortalizada por Elis Regina, essa música é um retrato poético de Salvador, exaltando a cultura popular baiana com cadência envolvente. Na voz de Elis, ganhou dramaticidade e potência interpretativa, transformando-se em uma das leituras mais memoráveis da canção.

Cálice
Composta em parceria com Chico Buarque e gravada inicialmente por Milton Nascimento no álbum Sentinela (1980), “Cálice” tornou-se um dos maiores hinos contra a censura da ditadura militar. O jogo de palavras entre “cale-se” e “cálice” tornou a música um símbolo de resistência e inteligência poética, ecoando até hoje como protesto e reflexão.

A Novidade
Gravada pelos Paralamas do Sucesso no álbum Selvagem? (1986), essa composição em parceria com Gil discute desigualdade social e contradições do Brasil com ironia e sutileza. A fusão de rock e ritmos brasileiros deu à música um caráter moderno e crítico, tornando-se um dos maiores clássicos da banda e um exemplo da capacidade de Gil em dialogar com novas gerações.

Tempo Rei
Lançada por Gilberto Gil no álbum Raça Humana (1984), “Tempo Rei” é uma canção reflexiva sobre a passagem do tempo e a inevitabilidade das mudanças. Seu tom filosófico, embalado por um arranjo suave e sofisticado, revela a faceta mais contemplativa do artista, consolidando-a como uma das obras mais poéticas de sua discografia.