A Rainha do Funk: Tati Quebra Barraco ganha filme que reforça o papel das mulheres na história do gênero

Longa de Susanna Lira se soma à onda de biografias musicais que reconstroem ícones culturais no cinema

Tati Quebra Barraco, pioneira do funk carioca e voz feminina que abriu alas nos bailes dos anos 2000, terá sua trajetória contada no cinema. O longa A Rainha do Funk, dirigido por Susanna Lira e escrito por Maíra Oliveira, promete narrar a vida de Tatiana dos Santos Lourenço, da infância na Cidade de Deus às turnês internacionais, passando pela maternidade precoce, o trabalho na creche e a ascensão com hits como Dako é bom. A artista, que completa 45 anos em setembro, surge aqui não apenas como inspiração para o roteiro, mas como símbolo de resistência e representatividade.

O impacto de Tati vai além de seus versos diretos e da irreverência que a transformou em ícone popular. Sua postura firme ajudou a romper barreiras de gênero em um espaço até então dominado por homens. Se hoje nomes como Ludmilla, Valesca Popozuda, MC Carol e outras artistas podem ocupar os grandes palcos e as paradas musicais, é porque Tati ajudou a mostrar que o funk também era lugar para mulheres protagonistas, falando de desejo, poder e cotidiano com voz própria.

O lançamento de A Rainha do Funk também dialoga com uma tendência mais ampla: a popularização de cinebiografias e filmes musicais que revisitam figuras centrais da cultura brasileira. Nos últimos anos, produções como Meu Nome é Gal, sobre Gal Costa, ou Mussum, o Filmis, sobre o músico e humorista, mostraram como o cinema pode resgatar trajetórias que misturam arte, contexto social e identidade. O projeto de Susanna Lira insere Tati Quebra Barraco nesse mesmo movimento, ao fixar sua relevância não apenas nos bailes, mas na história da música brasileira.

Esse movimento recente ganhou ainda mais força com o sucesso de Nosso Sonho, cinebiografia de Claudinho & Buchecha lançada em 2023, que emocionou plateias ao retratar a dupla que levou o funk melody ao estrelato nacional. Assim como no caso da dupla, o filme de Tati reafirma o valor cultural do funk, mas sob uma nova ótica: a da mulher que transformou a cena com ousadia e autenticidade.