A cantora e compositora Amaarae lança um álbum que celebra a música da diáspora negra em sua forma mais expansiva. A obra transita entre eurodance, Jersey club, highlife, Chicago house, Detroit ghettotech e funk brasileiro, criando um mosaico sonoro que é, ao mesmo tempo, global e profundamente enraizado em tradições africanas e afro-diaspóricas. A artista se consolida como referência de uma geração que entende a música como linguagem de intercâmbio cultural e afirmação identitária.
Com produções assinadas por nomes como Deekapz e DJ Mafalda, além de participações de DJ Starkillers, Charlie Wilson, PinkPantheress e El Guincho, o disco aposta em colaborações que ampliam sua potência criativa. A faixa de abertura, marcada por batidas de funk paulista, mostra a intenção de colocar o Brasil no centro de uma narrativa global sobre música de pista.
Liricamente, Amaarae alterna momentos de euforia hedonista, evocando festas e prazer, com passagens mais vulneráveis e introspectivas. A artista brinca com a sensualidade, a provocação e a fragilidade emocional, criando um disco que dialoga tanto com o clubbing quanto com a escuta individual.
O resultado é um álbum luxuoso e plural, que reafirma a vocação cosmopolita de Amaarae. Se em 2010 discos assim seriam rotulados como “world music”, hoje eles se inserem no pop e no hip hop global, quebrando fronteiras e revelando uma artista que transforma a diáspora negra em um dos motores da música de dança contemporânea.