Angelique Kidjo une os dois lados do Atlântico em show em Brasília

A cantora franco-beninesa fechou o Festival Convergências na capital federal com o gingado africano e participações especiais

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Brasília foi o palco para união da música diáspora africana no dia 21 de agosto. O Festival Convergências trouxe a lenda Angelique Kidjo para encerrar a noite que marca a abertura da temporada França-Brasil 2025. Em um show marcante, a cantora fez da segunda passagem pela capital uma festa para o público e os artistas que também subiram ao palco.

O Convergências foi um dos primeiros dos mais de 300 eventos culturais que se espalham pelo calendário de 15 cidades do Brasil, em todas as regiões do país. Para a abertura oficial, a escolha foi por trazer um grande espetáculo que unisse traços africanos da cultura divididos pelos brasileiros e francófonos.

Angelique era como uma maestrina para uma festa que teve um pouco de tudo que esses povos dividem pelas raízes. Ritmos africanos, reggae, sons cubanos, música francesa, samba, capoeira, toda essa mistura esteve no palco do Festival Convergências, coordenada pela alegria e energia da cantora do Benin.

Com a presença ilustre da ministra da Cultura, Margareth Menezes, na plateia, Angelique fez um show cheio de emoção e com convidados especiais do calibre da sambista brasileira radicada na França Karla da Silva, do grupo Puma Camillê, do ícone do axé Daniela Mercury e até uma palinha da própria ministra na última música. A artista fez até o mais desanimado dos brasilienses cantar, nem que fosse apenas o refrão: “all I know is your meant for me”.

Com momentos de festa, mais calmos, de dança, de descontração e interação com o público, Angelique capitaneou uma grande celebração da união afro diaspórica. “Essa noite quero celebrar nossa diversidade, nossas cores, nossos corpos e nossas culturas diferentes nesse palco. Deus nos fez diferentes por um motivo”, destacou pouco antes do encerramento.

Pela animação, a cantora realmente se sentia à vontade. Porém, o mais importante foi que ela deixou todos do mesmo jeito. O público embarcou na festa que ela trouxe, os convidados também se sentiram um pouco donos do palco e até a ministra Margareth Menezes se soltou e dançou com grandes amigos e ícones da música. Uma das maiores artistas da história da música africana fez de Brasília um grande centro cultural.

Angelique Kidjo estava cantando em uma terra que ama e para um público que sempre a abraçou. “Minhas raízes estão aqui. Vir para o Brasil é sempre como se eu estivesse voltando para casa”, declarou. No entanto, isso diz muito mais sobre a história dos dois países do que apenas sobre a artista.

A conexão entre o país do litoral atlântico africano foi um dos lugares de onde mais saíram pessoas para serem escravizadas no Brasil durante a época da colônia. Após a abolição da escravatura, muitos decidiram voltar para seu território de origem e o Benin acabou se tornando uma extensão de algumas culturas e costumes brasileiros. No caso de Angelique, foi um ancestral da mãe que voltou para o Benin, mas manteve um elo da família com o Brasil.

Dessa forma, a cantora foi uma escolha acertada para ser o elo do início da temporada França-Brasil 2025. Nem francesa, mas francófona, nem brasileira, mas com ancestralidade associada ao país, Kidjo morre de amores por ambas as culturas e o sentimento é recíproco do público das duas nações. Ela trouxe referências de ambos os países e principalmente das raízes que os unem, fazendo do show um lugar que convidou todas as experiências e vivências presentes no festival.