Clube do Samba: o legado de João Nogueira segue pulsando 25 anos após sua partida

Movimento fundado em 1979 no Méier continua ativo com projetos sociais e rodas que mantêm viva a essência do samba

Quando João Nogueira fundou o Clube do Samba, em 5 de maio de 1979, talvez não imaginasse que estava criando um movimento que atravessaria gerações. Mais do que um espaço de encontros, aquele quintal no Méier se transformou em símbolo de resistência cultural em um Brasil dominado pelas rádios que priorizavam a discoteca americana. Ao lado de gigantes como Beth Carvalho, Martinho da Vila, Alcione, Cartola, Elizeth Cardoso, Ivone Lara e Clara Nunes, João reafirmava a força do samba como expressão da identidade nacional.

Passados 25 anos de sua morte, o Clube do Samba permanece como um patrimônio vivo da cultura brasileira. Presidido por Ângela Nogueira desde 2000 e com a gestão de Clarisse Nogueira, filha de João, o movimento mantém ativa sua missão de valorizar e difundir o gênero. A continuidade do clube é também uma resposta ao desafio histórico de preservar tradições em meio às mudanças do mercado musical e às pressões da indústria do entretenimento.

Além de celebrar a memória, o projeto segue com ações concretas que projetam o samba para o futuro. Um exemplo é o Clubinho do Samba, iniciativa social que há mais de uma década oferece aulas gratuitas de canto, teatro, cavaquinho, violão, percussão e capoeira a mais de 300 crianças e jovens do Rio de Janeiro. Dessa forma, o espírito comunitário e formador, que já se fazia presente nas rodas do Méier, se renova em novas gerações que encontram no samba não apenas arte, mas também educação e cidadania.

Hoje, cada evento promovido pela família Nogueira, como a Grande Roda, funciona como um ato de reafirmação do legado. Mais do que apresentações musicais, esses encontros recriam a atmosfera de proximidade entre artistas e público, mantendo vivo o espírito das rodas que deram origem ao Clube. É uma forma de mostrar que o samba não pertence apenas ao passado glorioso, mas continua sendo um espaço de encontro, troca e resistência cultural.

Assim, o Clube do Samba reafirma seu papel não só como guardião da memória de João Nogueira, mas também como uma trincheira cultural que insiste em manter o samba pulsando — no palco, no quintal, nas rodas e no coração do povo.