Conheça Candeia, um mestre do samba de raiz com legado atemporal

O sambista carioca é lembrado por sua militância cultural e por preservar a tradição afro-brasileira

Antônio Candeia Filho, que faria 90 em 2025 é uma referência histórica do samba carioca. Cantor, compositor e sambista engajado, Candeia destacou-se não apenas pelo talento musical, mas também pela defesa do samba de raiz e da cultura afro-brasileira. Atuou na Portela e, nos anos 1970, fundou a Quilombo, escola voltada a resgatar o protagonismo dos sambistas da periferia e preservar tradições africanas e afro-brasileiras ameaçadas pelo gigantismo e pela comercialização do Carnaval.

Além da música, Candeia marcou sua trajetória pela militância cultural e social. Suas composições abordavam temas como a valorização da negritude, resistência à desigualdade e celebração da cultura popular. Entre suas músicas mais conhecidas estão “O Mar Serenou”, “Não Deixe o Samba Acabar” e “Dia de Graça”, que se tornaram clássicos do samba e foram gravadas por artistas como Alcione, Clara Nunes, Zeca Pagodinho e Martinho da Vila.

Mesmo após um acidente que o deixou paraplégico, ele continuou promovendo rodas de samba, jongo e partido-alto, transformando espaços — inclusive sua própria casa — em centros culturais de resistência e preservação do samba de raiz. Essa dedicação consolidou seu legado como um artista que transcende seu tempo e se mantém relevante na memória coletiva.

A influência de Candeia ultrapassa o cenário musical. Sua postura crítica frente ao Carnaval comercializado e sua defesa do protagonismo dos sambistas ajudaram a moldar a consciência cultural de gerações inteiras, incentivando a criação de espaços dedicados à educação musical e à valorização da cultura negra.

Candeia traz em sua vida um legado capaz de inspirar artistas e comunidades em todo o Brasil.