Mais conhecido por suas crônicas e romances, Luis Fernando Verissimo manteve por décadas uma relação constante com a música. Apaixonado por jazz desde a adolescência, o escritor aprendeu a tocar saxofone aos 16 para 17 anos, quando ainda não pensava em ser autor. “A música veio antes da escrita”, contou em entrevista ao Rolling Stone Brasil. “Na época não tinha nenhuma intenção de ser escritor, fui começar a escrever com mais de 30 anos. A música foi uma constante sempre, preferi a música, tocava com mais gosto do que escrevia”.
Verissimo participou por Jazz 6, grupo que se autointitula “o menor sexteto do mundo” por reunir apenas cinco músicos. E só precisou se afastar da música por motivos de saúde.
O Jazz 6 nasceu em 1995, quando o contrabaixista Jorge Gerhardt convidou Verissimo para tocar ao lado de Adão Pinheiro (piano e teclado), Luiz Fernando Rocha (trompete e flugelhorn) e Edison Espíndola (bateria). Com formação fixa desde então, a banda já lançou quatro álbuns na virada dos anos 1990 para 2000: Agora É a Hora (1997), Speak Low (2000), A Bossa do Jazz (2003) e Four (2006). Naquele período, os músicos conciliavam a vida artística com outras profissões, e as agendas de shows dependiam da disponibilidade de Verissimo.
Em 2011, eles voltaram ao estúdio para gravar Nas Nuvens, lançado pelo selo Paulinas COMEP. O álbum, registrado em CD, trouxe releituras de standards como “On Green Dolphin Street” e “Fly Me to the Moon”; os créditos indicam Verissimo no sax alto e confirmam a formação clássica do quinteto.
Apesar de atuar profissionalmente apenas na literatura, Verissimo nunca abandonou o saxofone. Em entrevista ao portal ND Mais, ele confidenciou que, entre escrever e tocar, prefere a segunda opção: “Escrever não deixa de ser uma obrigação. Tocar é muito mais divertido – mesmo eu não tocando muito bem”.
Além de intérprete, Verissimo também escreve letras de canções. A mais conhecida é “Psico‑Trópicos”, composta com o músico Cesar Dorfman e classificada entre as finalistas do Festival Carrefour de MPB em 1993. Na música, o humor e a imaginação que marcam seus textos aparecem em versos surreais sobre biquínis que são cocos e aves que gritam “Urraco” e “Parraco”. Essa integração de literatura e música confirma a natureza multifacetada do artista e mostra como sua criatividade transita com naturalidade entre diferentes linguagens.
Hoje, aos 88 anos, Luis Fernando Verissimo mantém-se ativo no Jazz 6 e continua a escrever crônicas semanais. Seu legado musical — registrado nos discos da banda, nas composições e em apresentações esporádicas — complementa a vasta obra literária e reforça a imagem de um criador apaixonado tanto pela palavra quanto pelo som.
