Composta por Minji, Hanni, Danielle, Haerin e Hyein, a banda sul‑coreana NewJeans surgiu em 2022 com uma proposta sonora que mescla R&B, electropop e hip‑hop, utilizando batidas suaves e sintetizadores atmosféricos. Essa fórmula, aliada a letras que remetem ao pop dos anos 1990 e 2000, a levou rapidamente ao topo das paradas: em 2023 o quinteto vendeu 4,39 milhões de álbuns – o maior número para um grupo feminino de K‑pop em um único ano – e quebrou o recorde do Guinness como o ato coreano mais rápido a atingir um bilhão de streams no Spotify. Além disso, a Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI) colocou a banda na 8ª posição do ranking Global Recording Artist of the Year, tornando‑a a segunda artista feminina mais bem colocada de 2023.
O caminho ascendente, no entanto, sofreu um revés quando uma disputa societária entre a Hybe Corporation e Min Hee‑jin, então CEO da gravadora ADOR, resultou na demissão da executiva em agosto de 2024. Em solidariedade à produtora, as integrantes fizeram uma live no YouTube exigindo seu retorno e denunciaram assédio e outras práticas abusivas da empresa. Após a recusa da Hybe, elas notificaram a rescisão de seus contratos com a ADOR em novembro de 2024, anunciaram que passariam a se chamar NJZ e prepararam apresentações independentes. A gravadora reagiu entrando com uma ação para validar os contratos e, em janeiro de 2025, solicitou um mandado judicial para impedir que as artistas assinassem contratos publicitários por conta própria.
Em 21 de março de 2025, o Tribunal Distrital de Seul aceitou o pedido de liminar da ADOR e reconheceu a empresa como gestora exclusiva do grupo. A decisão determina que as integrantes não podem firmar contratos de publicidade nem lançar músicas sem autorização da agência. Durante uma apresentação no festival ComplexCon, em Hong Kong, as integrantes — já como NJZ — anunciaram uma pausa por tempo indeterminado para respeitar a sentença judicial. Em comunicado posterior, elas informaram que recorreriam da decisão e ressaltaram que a liminar é provisória; um processo principal sobre a validade dos contratos ainda tramita.
Apesar dos recursos, o tribunal manteve a liminar em abril e, em 30 de maio, estipulou que cada membro deverá pagar 1 bilhão de won por cada atividade não autorizada. O Tribunal Superior de Seul rejeitou o apelo do grupo em 18 de junho, consolidando a proibição de atividades independentes. Diante dessa decisão, as artistas abandonaram o uso do nome NJZ e permaneceram em hiato.
A crise entrou em nova fase em 14 de agosto, quando o Tribunal Central de Seul promoveu uma audiência de mediação entre as partes. Apenas Minji e Danielle compareceram pessoalmente; a sessão durou cerca de uma hora e vinte minutos e terminou sem acordo.
Uma nova tentativa de conciliação foi marcada para 11 de setembro, e caso persista o impasse, o veredito final será anunciado em 30 de outubro. Durante o processo, a ADOR argumenta ter investido 21 bilhões de won no lançamento e nas atividades de NewJeans, acusando Min Hee‑jin de influenciar a ruptura contratual. Já as artistas e seus advogados afirmam que perderam a confiança na gravadora depois da saída de Min e que a empresa passou a ser controlada por executivos da Hybe, descaracterizando o ambiente em que alcançaram o sucesso.
Enquanto aguardam a decisão definitiva, as integrantes permanecem impedidas de lançar músicas ou participar de campanhas de publicidade sem a chancela da ADOR, e até mesmo o nome do grupo foi removido do site oficial da gravadora. O caso evidencia os riscos jurídicos enfrentados por artistas de K‑pop: contratos rígidos e disputas por direitos podem interromper carreiras em seu auge, deixando fãs e músicos à espera de um desfecho que permita retomar a criatividade e o contato com o público.