Placebo e David Bowie: saiba mais sobre a colaboração histórica

Como uma parceria em 1999 se tornou um marco do rock alternativo e aproximou duas gerações

Em 16 de agosto de 1999, o Placebo lançou uma das colaborações mais marcantes de sua trajetória: a versão de Without You I’m Nothing com David Bowie. O encontro, que nasceu de uma admiração mútua, acabou se tornando um dos momentos mais emblemáticos do rock alternativo. Para o Placebo, que ainda consolidava seu espaço após o sucesso de seu segundo álbum, foi uma espécie de consagração: Bowie, já então uma lenda, não apenas se uniu à banda em estúdio como também subiu ao palco com eles, reforçando sua disposição de apoiar e amplificar novas vozes da cena.

O impacto foi imediato. O single ampliou a visibilidade internacional do Placebo, que já vinha conquistando espaço com hits como Nancy Boy e Pure Morning, e posicionou a banda como herdeira legítima de uma tradição de outsiders do rock. Um raro registro do período mostra Brian Molko e Bowie ensaiando juntos nos bastidores do Irving Plaza, em Nova York, em março de 1999 — a imagem de duas gerações de artistas marginais encontrando terreno comum na música.

A escolha de Bowie não foi casual. Desde o início, o Placebo cultivava uma estética andrógina, letras intensas e uma sonoridade híbrida, cruzando guitarras pesadas com batidas eletrônicas, algo que o aproximava da ousadia do próprio Bowie nos anos 1970. Essa afinidade estética se refletiu não só nessa parceria, mas também na abertura da banda a outras colaborações nos anos 1990 e 2000. O Placebo dividiu faixas e palcos com artistas como Robert Smith, do The Cure — que participou de uma versão especial de Without You I’m Nothing —, e Michael Stipe, do R.E.M., além de remixes e encontros musicais que ampliaram seu repertório e mostraram sua habilidade de transitar entre diferentes gerações do rock alternativo.

O legado dessa fase é duplo: de um lado, o Placebo se beneficiou da chancela de nomes já consagrados para expandir seu alcance; de outro, ofereceu sua própria estética como ponte para que artistas veteranos se reconectassem a um público mais jovem. David Bowie, que sempre soube identificar e valorizar novas vozes, enxergou na banda de Brian Molko e Stefan Olsdal uma continuidade de sua própria inquietação criativa.