O crescimento do streaming mudou a forma de ouvir música e também a de remunerar artistas. No entanto, a pergunta que muitos fãs e músicos fazem permanece: quanto o Spotify realmente paga por cada reprodução? A resposta não é simples, já que não existe um valor fixo. O pagamento depende de diversos fatores, como o país de origem do ouvinte, se a conta é gratuita ou premium e, principalmente, o contrato que o artista mantém com gravadoras ou distribuidoras.
Em média, segundo estimativas de mercado, o Spotify paga entre US$ 0,003 e US$ 0,005 por stream — o equivalente a menos de um centavo de dólar. No Brasil, esse valor costuma ser ainda menor, girando em torno de US$ 0,0014 por reprodução, o que significa que um milhão de plays pode render aproximadamente US$ 1.400 antes de descontos e repasses a intermediários. Na prática, o que chega ao artista pode ser bem menos, já que a receita é dividida com gravadoras e editoras.
Relatórios oficiais da plataforma mostram que o setor movimenta cifras bilionárias: em 2023, o Spotify distribuiu US$ 9 bilhões em royalties, com 1.250 artistas ultrapassando a marca de US$ 1 milhão em ganhos. Ainda assim, a maioria dos músicos recebe muito pouco. Para reduzir fraudes e aumentar a fatia de quem tem maior audiência, a empresa passou a exigir que uma faixa atinja pelo menos mil streams em 12 meses para começar a gerar royalties.
Apesar de representar hoje mais de 67% da receita da música gravada no mundo, o streaming é alvo de críticas. Muitos artistas, especialmente os independentes, apontam a remuneração como insuficiente para sustentar uma carreira. O debate expõe um dilema central da indústria musical contemporânea: como equilibrar o acesso massivo do público às canções com uma distribuição mais justa dos ganhos para quem cria a música.