Rafa Militão lança “Herança” e afirma a força amazônida na música brasileira

Single conecta rap, boi-bumbá, guitarrada e maracatu em um manifesto de ancestralidade e resistência.

A cantora, rapper, DJ e produtora cultural Rafa Militão, nascida e criada na Zona Sul de Manaus, lança o single Herança como um manifesto sonoro de ancestralidade e resistência. A faixa mistura rap, boi-bumbá, guitarrada e maracatu em uma criação coletiva que reafirma a potência da música do Norte do Brasil e a singularidade amazônida como força transformadora na cena nacional.

Com passagens por festivais como Rock in Rio, Afropunk Bahia e Se Rasgum, além de ter integrado a turnê de Sandra de Sá, Rafa vem se consolidando como uma das vozes mais inventivas da nova geração. Em Herança, ela dá início a uma fase mais experimental, em que conecta batidas urbanas a ritmos tradicionais e à espiritualidade de sua região. A música traz a participação de Márcia Siqueira, uma das grandes vozes da Amazônia, marcando sua primeira composição ao lado de Rafa.

“Essa música nasceu do cruzamento das nossas vivências. É sobre mulheres reais, do Norte, que constroem com resistência e afeto. Me permito experimentar, cruzar linguagens e afirmar com ainda mais clareza quem sou e o que carrego comigo”, destaca Rafa, que trabalhou no projeto por dois anos. A faixa é atravessada por timbres que evocam a floresta, como charango e atabaques, unindo elementos contemporâneos à tradição afroamazônica.

O lançamento também ganha um curta-metragem dirigido por Keila Sankofa, exibido exclusivamente em sessões presenciais, com intérprete de Libras e acesso limitado, reforçando a dimensão coletiva do projeto. O filme expande a mensagem da canção com uma narrativa marcada por gestos ritualísticos, símbolos da espiritualidade e a participação de artistas como Uýra Sodoma, Francine Marie e Maria Dias, além das avós e da afilhada da cantora — um gesto simbólico de continuidade entre gerações.

Ao lançar Herança, Rafa Militão reafirma seu lugar como uma voz fundamental da música contemporânea do Norte, cruzando fronteiras sonoras e culturais. Sua obra não apenas celebra a ancestralidade amazônida, mas também projeta a região no mapa da música global, apontando para uma cena que resiste, se reinventa e ecoa no Brasil e no mundo.