Em 2025, Raul Seixas completaria 80 anos. Trinta e seis anos após sua morte, o “Maluco Beleza” segue desafiando o tempo com sua música, suas ideias e sua ousadia criativa. Prova disso é o lançamento da 17ª edição de O Baú do Raul, agora revista com novo projeto gráfico, manuscritos inéditos e, pela primeira vez, acompanhada de dois livros infantis baseados em suas canções: Carimbador Maluco e Peixuxa (o amiguinho dos peixes). A estreia acontece no dia 23 de agosto, no Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo, com entrada gratuita.
O caráter simbólico dessa celebração vai além da memória. O relançamento de O Baú do Raul, organizado por Kika Seixas e com curadoria de Tárik de Souza, mostra a faceta literária e filosófica de Raul. Nas páginas, aparecem rascunhos e anotações em cadernos pessoais, onde se revelam suas reflexões sobre arte, política e espiritualidade. Mais do que lembrar um ícone do rock brasileiro, a obra reafirma Raul como um pensador inquieto, cuja rebeldia segue dialogando com questões contemporâneas.
Essa dimensão também se expande para novos públicos. Ao transformar Carimbador Maluco — música que embalou o programa infantil Plunct Plact Zuuum nos anos 1980 — em livro ilustrado, o projeto faz com que a mensagem sobre autenticidade e liberdade chegue às crianças. Já Peixuxa, em tom de fábula aquática, traz uma reflexão sobre consciência ambiental que conecta Raul ao debate atual sobre preservação e futuro do planeta. A escolha reforça a vitalidade de sua obra: mesmo letras menos conhecidas encontram espaço para provocar e encantar novas gerações.
O movimento de resgatar e reinventar Raul não é isolado. A Ubook lança o material em versões impressa, digital e em audiobook, narrado pelo ator Bruce Gomlevsky, que interpreta o cantor em espetáculo teatral. Essa convergência entre plataformas mostra como o legado de Raul continua atravessando linguagens, dialogando tanto com fãs históricos quanto com quem o descobre agora. “Além de grande músico e poeta, ele é um grande pensador”, resume Gomlevsky.
Mais de três décadas após sua morte, Raul Seixas permanece uma referência incontornável. Sua música, que misturou rock, filosofia, nordestinidade e crítica social, não apenas marcou época como segue se reinventando. Se antes foi porta-voz da contracultura, hoje ele ecoa como guardião de ideias atemporais: liberdade, ousadia e a crença de que “sonho que se sonha junto é realidade”. O lançamento de O Baú do Raul e dos livros infantis apenas reforça que Raul não é apenas memória, mas presença constante no imaginário cultural brasileiro.