Supercombo lança Caranguejo (Parte 1) e reforça papel de banda que desafia rótulos no indie nacional

Novo álbum equilibra riffs pesados, brasilidades e experimentações eletrônicas, reafirmando a identidade plural do grupo capixaba.

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A Supercombo acaba de lançar o álbum Caranguejo (Parte 1), pela gravadora Deck, reafirmando sua identidade como uma das bandas que mais buscam misturar sonoridades no pop rock indie brasileiro. Com quase duas décadas de carreira, o grupo formado por Leo Ramos (voz e guitarra), Carol Navarro (baixo e voz), Paulo Vaz (teclados) e André Dea (bateria), continua a surpreender pela forma como transita entre riffs pesados de rock, ritmos brasileiros e experimentações eletrônicas, sem nunca perder a essência.

O nome do disco nasceu de uma brincadeira: canções que “pareciam um caranguejo, indo de um lado para o outro”, como descreveu Leo Ramos, refletindo bem a natureza plural da Supercombo. Tal qual o animal que se refugia na areia, a banda retoma sua base no rock, mas abre espaço para brincar com elementos inesperados — caso do irreverente single “Piseiro Black Sabbath”, que une o peso da guitarra a batidas inspiradas no piseiro nordestino.

O álbum traz faixas que percorrem diferentes atmosferas: “A Transmissão” revisita a sonoridade dos primeiros trabalhos; “Hoje Eu Tô Zen” aposta na ironia com refrão gritado que contrasta com sua letra calma; “Alento” surge como um hino pop rock dedicado à filha de Leo; já “Testa” e “Nossas Pitangas” revelam uma veia mais introspectiva e nostálgica, aproximando a banda de texturas indie e ecos dos anos 80/90. A faixa final, “Alfaiate”, utiliza o universo da costura como metáfora para dilemas de autoestima, mostrando a profundidade lírica que acompanha a ousadia musical.

O disco também representa o trabalho mais produzido da carreira da Supercombo. Ao lado do jovem produtor Victor de Souza (Jotta), que trouxe referências do pop, do hiperpop e da música urbana, a banda conseguiu expandir seus horizontes sem perder o DNA guitarrístico. Dividido em duas partes — a segunda chega em 2026 —, Caranguejo foi pensado como um álbum para ser degustado aos poucos, em contraponto à lógica imediatista dos singles. Cada faixa da primeira parte dialogará com uma faixa da segunda, criando uma espécie de espelhamento conceitual.

Com esse novo trabalho, a Supercombo reafirma sua vocação: ser uma banda que não teme a estranheza, que mergulha na mistura e que transforma essa ousadia em um dos retratos mais originais do pop rock indie nacional contemporâneo.