O The Voice Brasil chega em 2025 cercado de expectativas, tanto pela migração para novas telas — com transmissão simultânea no SBT e no Disney+ — quanto pela reconfiguração de seu time de jurados. A presença de Péricles, Duda Beat, Mumuzinho e da dupla Matheus & Kauan sinaliza uma tentativa clara de atualizar o formato diante das transformações no mercado musical brasileiro e na própria televisão.
A composição do júri traduz a diversidade sonora que domina as plataformas digitais e as rádios: do samba e pagode de Péricles e Mumuzinho, ao sertanejo pop de Matheus & Kauan, passando pelo universo híbrido e urbano de Duda Beat, que mescla influências do Recife com o pop eletrônico. Esse mosaico reforça a intenção do programa de dialogar com públicos distintos — da tradicional audiência televisiva a uma geração conectada ao streaming e às redes sociais.
Outro ponto de inflexão é a volta de Tiago Leifert ao comando e a chegada de Boninho, figura histórica da TV Globo, agora em nova casa após quatro décadas de parceria com a emissora carioca. O reencontro do apresentador com o público e a estreia do diretor no SBT funcionam como estratégia de credibilidade: o reality se reposiciona como um produto premium no entretenimento nacional, com apelo tanto popular quanto de mercado.
No Disney+, a proposta de incluir especiais exclusivos ao final de cada episódio é um movimento para fidelizar a audiência mais jovem, habituada a consumir conteúdo extra e bastidores sob demanda. O SBT, por sua vez, aposta na visibilidade em TV aberta para manter o caráter de evento semanal que sempre marcou o The Voice. A junção dos dois canais abre uma fase inédita de convergência entre a tradição televisiva e o alcance global do streaming.
O júri escolhido não apenas orientará candidatos, mas também simboliza um retrato da música brasileira contemporânea. Péricles e Mumuzinho reforçam o protagonismo do samba e pagode, Duda Beat dá voz à cena indie-pop que ganhou força nos últimos anos, e Matheus & Kauan representam a força comercial e cultural do sertanejo. Essa pluralidade promete atrair competidores mais diversos, enriquecendo o palco com diferentes linguagens e repertórios.
Mais do que uma simples troca de cadeiras, a edição de 2025 se coloca como um reposicionamento do The Voice Brasil: um reality que busca se reinventar, dialogando com novas plataformas, tendências musicais e públicos fragmentados. Resta saber se essa convergência entre tradição e inovação conseguirá renovar também o interesse do público, num momento em que realities musicais competem com uma infinidade de formatos digitais.