Trem das Onze: conheça a história do samba que virou hino paulistano

Música eternizou Adoniran Barbosa e Demônios da Garoa

Em 1964, o Brasil ganhava um de seus maiores clássicos: “Trem das Onze”, composição de Adoniran Barbosa que se tornaria símbolo do samba paulista e referência cultural da cidade de São Paulo. A canção foi eternizada na voz do grupo Demônios da Garoa e permanece até hoje como uma das músicas mais queridas da música popular brasileira.

Escrita por Adoniran, a música apresenta sua marca registrada: a linguagem coloquial, carregada de humor e lirismo, para falar da vida simples e das dificuldades enfrentadas pelo povo. Em “Trem das Onze”, o personagem abre mão de um amor para não perder o último trem que o levaria de volta para casa, no bairro do Jaçanã, na zona norte paulistana. O trem partia às 23 horas, e, caso perdesse, não havia outro transporte.

O samba, que começa com o icônico verso “Não posso ficar nem mais um minuto com você”, é uma declaração sincera das limitações impostas pela realidade. “Minha mãe não dorme enquanto eu não chegar”, canta o personagem, unindo o afeto familiar à responsabilidade cotidiana. O cenário narrado na canção era real: o ramal ferroviário da Estrada de Ferro Cantareira atendia o Jaçanã, mas foi desativado em 1965, apenas um ano após o sucesso da música.

A gravação original com os Demônios da Garoa levou a canção às rádios, transformando-a em um fenômeno popular. Até hoje, ela é considerada um hino informal da cidade de São Paulo, ao lado de outros sucessos de Adoniran, como “Saudosa Maloca” e “Samba do Arnesto”. A música também se tornou objeto de estudo por seu valor cultural e sociológico, retratando uma São Paulo que já não existe, mas que permanece viva na memória afetiva de gerações.

Além do sucesso radiofônico, “Trem das Onze” consolidou o estilo único de Adoniran Barbosa, que faleceu em 1982, mas deixou um legado inestimável para a música brasileira. Sua obra inspirou músicos, cineastas e dramaturgos, sendo regravada por inúmeros artistas e usada em filmes, peças e campanhas publicitárias.

Hoje, a canção é lembrada não apenas como música, mas como um patrimônio cultural do Brasil e principalmente da cidade de São Paulo.

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